O governador do Acre se tornou réu por suposto esquema de corrupção. O Superior Tribunal de Justiça aceitou por unanimidade a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Gladson Cameli, pelos crimes de participação em organização criminosa, corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude à licitação. O político também é acusado de comandar o desvio de mais de R$ 16 milhões em recursos públicos.

Entretanto, o STJ entendeu não ser necessário determinar o afastamento de Cameli, uma vez que os fatos ocorreram em 2019, não sendo recentes o bastante para justificar a medida. Segundo a relatora da ação penal, ministra Nancy Andrighi, o afastamento pode ser reavaliado em outros inquéritos na justiça contra o governador.

As investigações mostram que o esquema resultou em prejuízos de quase R$ 11,7 milhões. Em dezembro, o processo foi desmembrado e somente o governador será julgado pelo STJ.

Uma empresa foi contratada pelo estado do Acre por meio de adesão a uma ata de registro de preços feita em Goiás. O MPF argumenta que os serviços previstos nessa ata diziam respeito à "manutenção predial", porém, a maior parte da execução no Acre tinha relação com obras viárias. Além disso, a empresa contratada teria firmado contrato com outra pertencente ao irmão do governador.

Além da dispensa indevida de licitação, a Controladoria-Geral da União apontou indícios de terceirização integral e subcontratação total do objeto do contrato, o que é vedado pela legislação.

A relatora também enfatizou que, de acordo com as provas reunidas, o pagamento da vantagem indevida ao governador teria sido viabilizado com a compra de um apartamento de luxo em São Paulo, avaliado em mais de R$ 5 milhões, além de um veículo. 

Não há prazo para julgamento do mérito do processo.

Em nota, Gladson Cameli escreveu nas redes sociais que pela primeira vez foi oficialmente ouvido, e agora pode se defender e provar a inocência dele.